POBREZA CONSCIENTE
Penso num jeito de enganar-me e digo:
que poema lindo você escreveu!
Eis ai a pobreza: eu achar-me poeta.
E vem gente dizer que sou.
Não sou nada disso.
Poeta é Drummond, Quintana,
Cecília, Adelia...
que ficaram. Que sempre ficarão.
Eu passarei pelos jardins,
extinta como as flores no inverno,
extinta com as cinzas no vento.
Só dirão de mim no último momento:
ela tentou, tentou, tentou
e não voou...
não deu tempo.
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