POBREZA CONSCIENTE

Penso num jeito de enganar-me e digo:

que poema lindo você escreveu!

Eis ai a pobreza: eu achar-me poeta.

E vem gente dizer que sou.

Não sou nada disso.

Poeta é Drummond, Quintana,

Cecília, Adelia...

que ficaram. Que sempre ficarão.

Eu passarei pelos jardins,

extinta como as flores no inverno,

extinta com as cinzas no vento.

Só dirão de mim no último momento:

ela tentou, tentou, tentou

e não voou...

não deu tempo.

(Direitos autorais reservados).

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 05/12/2013
Reeditado em 05/12/2013
Código do texto: T4599116
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