Devaneio da Tristeza
É triste ver a tristeza
Se entristecer
Com qualquer entristecido.
Ela entristece os sensíveis
Assim como eu entristeço
Com os aflitos.
Dois seres tristes.
Tristes de se vê.
Assim, não dá.
Mas a raiz já esta funda
Não tem como tirar.
Já pertenci às cenas
De maus bocados.
Onde vi um inocente
Tentando provar
Que não era culpado.
Onde vi as mais cruéis desculpas
Para não fazer o certo
A preferir o errado.
Esquivei-me desses melindres
Mas sabia que não duraria tanto
Há certas pontes que dão acesso
Aos mais belos recantos
Mas não se pode sair correndo.
Pois tudo tem seu tempo certo.
Eu mesma me disse várias vezes
Que não vale a pena se apressar
Se as pessoas não entendem
Eu é que não vou insistir nesse pensar.
Para que seja naquele momento
O problema se findar.
Todavia, tais ideias,
Às vezes, consumidas pela tristeza.
Leva um pouco de mim
E deixa um pouco dessa pobreza
De tudo o que é bom
E desprezo pelo ruim.
Eu sabia que um dia
Meus olhos iam se abrir
Mas eu veria sozinha
A imagem da verdade
Que eu tanto pedi.
Entretanto, percebi
Que vê sozinha não tinha graça
Eu queria compartilhar essa benção
E que queria repartir
E não dividir, pois se o fizesse,
Ia perdendo aos poucos essa proeza
Que demorei tanto para conseguir.
O lado bom da tristeza
É que ela não demorar a partir.
Ora melancolia
Ora falta de alegria
Uma hora dessas
Um otimismo as absorve
E já é outro dia.