Boneca de cera
A lamparina está acesa
Estou aqui!
Tu me vês ou finge ver?
Bem no lugar que você deixou, olhe!
Os olhos cristalizados em vitro
A boca aveludada em cera quente
Respingou-a quando ainda estava viva,
Lembra-se?
Não é fácil esquecer a dor,
Ah profunda e inexorável!
Não me consolo mais
Nada justifica a pena cumprida.
Estou aqui!
Ouça os sussurros internos, latentes
O soluço em ecos tremem e temem ser libertos.
Loucura, tortura, injuria
Matificaram o ínfimo da pele em pó.
Não resta-me nada
A não ser olhar-te
Odiar-te,
Agourar-te até o fim
Para que alguém te faça cera, boneca,
assim como fez de mim!