O esquecimento é um perdão sincero.
Apaga-se da memória o medo, o rancor e
o trauma.

E, o algoz vira um estranho.
Um estranho imantado na própria estranheza
É uma larva que nunca será um inseto.

O esquecimento dá forças para refazer
o palimpsesto
raspar a linguagem anterior
e apor outra linguagem,
a expressão silenciosa de um todo
imaginado...

O arco da promessa escrita
na coluna grega
de beleza perfeita e incompleta

O esquecimento deve ser louvado.
Para quê registrar tantas referências?

Se o tempo é outro,
se o espaço é outro,
e eu, sou o outro do outro,
refletido na retina estranha
de quem me vê,
mas não me compreende.

O livro em minhas mãos
ninguém lembra de quem o imprimiu
que pingou a tinta nos tipos
e o trouxe até aqui...

A página recheada de lirismo
que inunda meus olhos de saudade
quem lembra de quem a inspirou?
Da primavera esmaecida das
flores guardadas em agendas.

O pão de manhã quentinho
derretendo a manteiga
e o café fumegando
e perfumando a casa
Quem se lembra do padeiro ou do
lavrador?

O esquecimento é a redenção
da humanidade.

É a fragilidade de nossa memória
que faz o construir reconstruindo.

É o fogo que depois da combustão
nos faz adorar as cinzas...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/11/2013
Código do texto: T4592546
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