CICATRIZES

Velho amigo de que pesadelo você escapou?

Existem garras nas trevas indizíveis querendo você?

Lembra-se de quando tudo era questão de quem podia rir mais?

E nos riamos meu caro...

Quase histéricos fingindo não sentir dor

Quando tudo a nosso redor eram forcas, laços golpes e gritos.

Quando ficar não era uma opção

Quando fugir não era uma opção

Quando não havia mais opção

Contávamos segredos às sombras das arvores de nosso caminho

Lidávamos com a dor

Eu posso ver nossas estórias nunca terminadas ainda nos teus olhos

Um brilho de saber assustador que vejo também nos meus

O saber é poderoso velho amigo

“o sucesso é solitário”

E o medo conhece nossos rostos

Já houve uma noite em que estrelas tão numerosas polvilhavam o céu e o vento astuto e frio nos envolvia

Já houve uma noite em que deixamos pro álcool todas as fomes, todas as dores, todos os desejos que tínhamos.

Velho amigo às vezes acho que nunca voltamos inteiros daquela noite

Que portais teremos aberto para nosso próprio futuro naquele lugar?

Eu parti...

Ele partiu...

Você ficou...

E ainda assim de certa forma... também partiu

Uma jornada inacreditavelmente longa e penosa

Eu quase posso sentir o teu medo

Como neblina espessa envolvendo teu corpo

Eu posso imaginar que você chorou...

Terá chorado?

Terá gritado e amaldiçoado?

Apenas deixou acontecer?

Não sei...

Eu soube que certas cicatrizes nunca somem

Eu soube que certas memórias são indeléveis

Eu soube que o passado nunca te deixa

Eu soube de tudo...

Eu não sei o suficiente

Quero saber