Das lembranças, ou da sua falta

Abro o olho, muita confusão

Dores e memórias se confundem

Físicas ou mentais todas no chão

Agacho-me a juntá-las

Buscando uma ordem

Ordenando-me em meu coração

Batidas fortes initerruptas

Como que marretadas

Essa pulsação

De memórias perdidas

Tristeza enfim encobre o ser

Cortinas cinzentas

Separando o regozijo de saber

Dela os detalhes

Todos e nenhum

Um paradoxo a vencer

A contar e lembrar

Fico só com minhas angústias

Pensando como rústicas

Mobílias

Preenchendo um vazio

Aquele que é recente

Mas pesa como secular

Queria o tempo manipular

Lembrar o som da voz

Mudar o tempo e me beneficiar?

Egoísmo indizívelmente humano

Mas tenho é que mudar

Esse medo e essa tristeza

E não mais me enganar

Como não me machucar e então,

Quem sabe, meus sentimentos declarar?

Esses parecem tolos

Soam ridículos

Temo ser inalcançável

Esse objetivo que tanto tento evitar

E assim repetir

Quem gosta de sofrer?

Não consigo temer, tampouco seguir

Determinação não dependente de mim

Escolhas que escoam-me pelos dedos

Ao pensar na alegria de sorrir

E que nada, então, será ruim

Vislumbro e seco os meus medos

Enterrando as dúvidas, declararia-me?

Estaríamos ou estaria sozinho

Em minha eterna mazela da alma

O caminho a percorrer é esse?

Seria tão complexo ou é tão fácil?

Apenas soltar algumas palavras

E ser feliz ou ser triste

Dependendo da resposta,

Saída de seus lábios

Obscurecidos

Esfumaçados em minha memória

Aquela que me trai

Com todo direito

Caio

Prostrado

Cheio do mais amargo arrependimento

Como o café, queima e escorre

Sinto meus cabelos

A dor nos olhos

Dor? Não!

Uma pressão

dela rola, como o café, a lágrima

essa fria, salgada, muito mais amarga

Sincera, real!

Não posso continuar como tal.

Uma parte de mim é essa aqui

Confusa, sincera, amante

Bonita, mas medrosa

Rascunhada como um croqui

Com uma pergunta relevante

A ser arte-finalizada

Se tudo dependesse de mim

A agonia não se proliferaria

Como submerso no ouro negro líquido

Me afogo na gosma rica

Um dia, um momento, perdido

Saberei dele até a morte

Essa façanha que nos é dada

Das lembranças

O que me corrói é a sua falta

Faltam as que deveriam estar vivas

Pulsantes!

Enriquecendo e felicitando-me

Mas nada é mais como poderia ter sido

Se o tempo for um, único, passageiro

Perdi meu tempo

Não qualquer um

O único momento

Será que voltará?

Você poderá me dizer?

Você mesma, quem mais?

leandroDiniz
Enviado por leandroDiniz em 28/08/2005
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