SONHOS DE UM MENINO

Sobre a enchente,
Madeiras estendidas, erguidas,
Barraco de palafita,
No canto, uma lamparina acesa,
Suaviza a pobreza,
Reflete no olhar do garoto.
Que apesar de seu estado roto,
Tece sonhos, acredita,
No melhor da vida,
Em uma vida diferente,
Sem tanta umidade,
Com a cumplicidade,
Da mínima condição,
De sobrevivência,
Uma vida com decência,
Sem a miséria vigente,
Passada de geração a geração.
Chuva fina no telhado,
Goteiras repicando,
Por todos os lados,
E com o corpo molhado,
O garoto dorme sonhando,
Um sonho resistente.
Enquanto a fumaça da lamparina,
Entra lentamente pelas narinas.