Mais um dia vencido
Quando, ao acordar, abri os olhos
E percebi que o mundo nunca esperou por mim,
Calei, no barulho das coisas...
E sofri silenciosamente na mudança de minhas idealizações...
Os minutos contaram-se largamente
E a partir daquele momento a tristeza me alentava...
Apenas ela me direcionava os passos...
E caí sobre tudo o que era...
E pensei sobre tudo o que podia vir a ser...
Conclui, então, que nunca fui mais do que supunham.
O silêncio – não mais que imensidão na minha trajetória -
Assustava-me friamente... Tão friamente...
Cri na enfermidade do que via...
E deixei de acreditar nas bocas que me mentiam!
Descri naquilo que as gentes todas diziam...
E deixei de acreditar nos olhos alheios!
Busquei culpas que apaziguassem o que sentia...
Algo que encobrisse outra vez o que fora descoberto,
Porque lidar com tal realidade era fardo mui pesado...
Consumiu as coragens todas que tinha ao peito...
O compromisso com o acerto...
As escolhas bem pautadas...
As promessas silenciadas em noites mal dormidas...
Nada na vida me foi mais inútil!
Tudo partiu rumo às decadências do que sentia!
E, não mais que de repente, quis fechar os olhos ao finito...
Alçar voos em campos que não fossem só angústias
Ou sonhos edificados na tristeza...
Mas assujeite-me às surpresas...
Às esperas tão convenientes à vida...
À manutenção das escolhas...
E hoje, resta-me apenas o cansaço...
O fruto amargo de mais um dia labutado...
Do convívio forçado comigo mesmo e com o outro...
Resta-me a lida... Não mais que a lida...
E a vida, adiada, torna-se rotina...
Um paradigma existencial...
Quem sabe sobre coragem para algumas reflexões...
Que me venham os devaneios,
Porque a vida não cabe na minha existência...
Porque os sonhos todos feneceram...
Declinaram... Caíram em falência.