Caminhos

Há na vida poucas alegrias...

Raros momentos de descanso...

Mas as tristezas... Ah! Essas são em demasia...

Invadem o que somos

E desocupa-nos de tudo aquilo que poderíamos ser.

Então cansamo-nos... Fugimos.

Seguimos desajustados... E sozinhos

Ora por caminhos que escolhemos...

Ora por caminhos em que somos os escolhidos...

Seguimos a sombra daqueles que por nós já passaram...

Que, angustiosamente, deixaram alguns passos...

E, na tentativa de romper a solidão na caminhada,

O tempo vai passando...

Vai somando dores ao que fora vivido...

Seguindo-os, enganamo-nos...

Mas o engano é menos sofrível que caminhar à sombra de nós mesmos...

Somos nossos mais terríveis medos...

Em nossa mente barulhenta, a realidade desfaz-se...

Remonta-se à medida daquilo que queremos...

É, não mais, que... Tristeza...

E nisso somos poucos, bem pequenos...

Somos belos nessa coisa de sofrer...

E se prantearmos à frente do espelho,

Veremos não mais que um amontoado de coisa alguma...

Uma imagem entristecida...

Porque o destino - ao que julgamos - assim o quis...

E mesmo que caiam as lágrimas, estaremos ainda cheios...

Porque há no interior uma tempestade.

O ser humano é, não mais, que uma complicação da natureza...

Não um erro! Mas um ser errado e incompleto.

As tristezas todas são a paga do nosso trabalho...

O cansaço de nossas insistências...

As tentativas fracassadas...

Mas são, também, as incertezas do não vivido...

Do não tentado...

São um pequeno fracasso...

De repente caminhar seja apenas uma maneira de nos limparmos...

De fazer com que as culpas se esvaiam a cada passo dado...

Porque há na vida as leis da equivalência...

Temos apenas o que precisamos...

Tudo em medida e contabilizado...

Nada além daquilo que podemos suportar.