Os piratas
Sempre que o tédio sobe a ladeira,
Embaça lentes da difusa luneta;
Que vê bem diverso da vez primeira,
Qualquer asteroide parecia planeta;
Esperança que outrora ardia faceira,
Sumiu quiçá, na cauda d’ um cometa;
quando a tristeza quer dar bandeira,
sempre, é claro, dá bandeira preta...
guarda todos os sonhos na geladeira,
detém forças que saíam a sua cata;
prende o pulso numa pasmaceira,
ainda chama seu cativo na chibata;
se apropia presto d’alma hospedeira,
e tatua as suas digitais bem na lata;
ponhamos no lábaro, ossos e caveira,
pois tédio e tristeza são dois piratas...
Até acionei minha guarda costeira,
Mas, o Jack Sparrow é profissional;
Arrostou os ventos em sua banheira,
Rindo de minhas forças o marginal;
larga experiência pirata e bucaneira,
domina todos os mares e o litoral;
resta sorver dor sem fazer besteira,
certa liberdade; porém, condicional...