Perda
Sozinho de madrugada no meu quarto pequeno e abafado
Com minha cama ajudando a esquentar ainda mais
Meu rosto queima de fora pra dentro
E meu estomago borbulha, queimando de baixo pra cima
Meu coração, sinto bater pouco
Baixo e parado, torna-se imperceptível
Fraco
Mas sei que quando me levantar ele vai disparar de repente
Minha respiração parece ir apenas pela metade
Encher os pulmões tem sido difícil ultimamente
Carnes que bloqueiam o ar
Apenas ajudam a morte lenta ser mais adiada
Dores nas costas, olhos, cabeça e cotovelo
Mãos calejadas prestes a reiniciar seu trabalho enfadonho
Sustentada por um cérebro que esse ano não sei se vai funcionar
Já que foi embora, mas não sai daqui
O organismo custa a se reanimar
Apenas se traduz sem lógica revendo a letra fria
Numa tinta nova, preta e roubada na sala de aula
Afinal, aqui nos tornamos imortais
Meu medo é de encher os pulmões de água sem querer por mais 3 meses seguidos
E de continuar lembrando passados meus que somem e voltam imparciais
Impaciente, luto para continuar vivo
Mas a insônia só me traz a certeza do contrário
Um sentimento de perda e adeus
Que ondula ociosamente sem destino ou rumo certo
Na incerteza da hora e da data
Ou do momento