Planeta dos solitários

Bem vindos ao planeta dos solitários,

sirvam-se das cadeiras vazias na penumbra,

todos trazem consigo alguma dor,

todos observam suas tristezas pelo vidro da janela,

enquanto o tempo se arrasta nessa ampulheta quebrada,

e eu recepciono novatos de coração partido...

Bem vindos aos sonhos desiludidos,

sentem-se de frente para o mar de tormentas,

todos trazem suas frustrações,

todos escondem lágrimas que sucederam sorrisos,

enquanto caem de joelhos em suas próprias angústias,

e eu recepciono jovens assustados...

Bem vindos ao lugar dos mortos vivos,

escorem-se naquele túmulo sem inscrições,

todos trazem seus delírios de uma outra vida,

todos buscam redenção e esperança onde nada mais existe,

enquanto tropeçam em suas fraquezas inglórias,

e eu recepciono essas almas destroçadas...

Eu sou o arauto de tempos desfeitos,

sou o Frankenstein de sentimentos retalhados,

o anteparo de raios com destino certo...