Voe
Voe amigo, voe
Vá para onde todos querem que vá
Um lugar frio e isolado
Onde não incomode ninguém
Um lugar estranho, porém, familiar
Jogado à solidão numa vida de abandono
A perda indesejada desejada
Ainda havendo auxílio amigo externo
Venha amigo, venha
Escreva seu nome no caderno da morte
Sinta o calor da ausência das coisas
E sinta teu coração fraco acelerar
Meu livro de memórias e passagens
De vidas, mortes e mortes
Mensagens de quem escreve sobre coisas iguais
E morre pelos mesmos fatos
Então escreva amigo, escreva
Esteja pronto para seguir o caminho de fogo
Já que te jogaram aqui e não há como ir embora
Tentar voltar a história é inútil
Voe e sinta o fim
Sim, voe
Que sabe no final não há um novo começo
Se a morte for passageira...
Me canso em passar por aqui todos os dias
E receber as mesmas ordens
Basta deixar acontecer desanimado
Pois nada nesse mundo virará sol pra mim de novo
Mas ainda prevejo o pior
Os velhos pensamentos otimistas são difíceis
Pois não sei quando saberei de algo
Ainda vendo nada a minha frente
Espero que amanhã, pelo menos, não chova
Acho que só assim já está bom.
Quando a força, quem sabe ela volte...
Pois continuo sem conseguir andar...
Então, que o vento me leve.