EPITÁFIO

Me deste da tua carne,

Revestiste minha costela

Com teu fruto pútrido

Prescindido de espírito.

Dançaste, corcoveaste

Tua cópula mais aflitiva

E teu pélvis tremulava,

Desfraldando flâmulas.

Plantaste tua bandeira em meu chão...

Daí que me colonizaste

Com o que tens de mais mesquinho.

Conheci toda sorte de dores

Enquanto me cavoucavas,

Extraindo de minhas entranhas

Meus tesouros singelos e naturais.

Ao me desertificares e poluíres,

Levantaste acampamento e partiste,

Deixando em minha pele alquebrada

Os rastos de tua passagem funesta.

Meus olhos quedaram-se embaciados,

Procurando mapas e rosa dos ventos.

Minha arqueologia se perdeu para sempre

E do que era história

Tornei epitáfio cruento cortando a amplidão.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 01/11/2013
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