Apenas mais um às cinco e catorze em Tessalônica
Eu sou como um destes
presentes na carta tessalonicense.
Fecho os olhos,
e logo vejo as horas: são cinco e catorze.
Nesta hora,
hora de desânimo e fraqueza,
da noite trouxeram-me para o dia,
e das trevas, à luz.
Fecho os olhos
e logo tudo vejo.
Disseram-me: vigie.
Puxaram-me pela mão: trouxeram-me.
– Admoestaram-me em pleno ocaso –
De dia, e não de noite,
acordado, e não dormindo,
das trevas vim à luz,
e da noite, para o dia.
Fecho os olhos, novamente.
Ainda estou sonolento.
Logo exortei meu amigo e companheiro;
exortei-o quando o encontrei
bebendo em plena madrugada.
Mas eu estava escuro.
Exortamo-nos, então, mutuamente,
choramos gradativamente,
arrependemo-nos juntamente:
sustentamo-nos continuamente.
Eu sou mais um daqueles
aos quais a carta tessalonicense foi tecida.
Sou outro que, desanimado,
necessita de ânimo;
sou mais um que, fraco,
necessita ser fortalecido.
Sou mais um desses miseráveis
com os quais precisa-se de paciência.
Não estou bêbado, nem dormindo,
mas sou fraco e desolado pela mão Altíssima.
Eu sou apenas mais um
que necessita que
os braços do dia, e não da noite,
que as mãos vigilantes, e não tolas,
e que as palavras da luz, e não das trevas,
estejam sempre ao meu redor,
para que, em tempo oportuno,
eu não venha a cair na vala aterradora
– da desolação, desesperança e solidão.
Sou apenas outro pobre e miserável
que necessita, desesperadamente, de misericórdia.
– Como sou fraco! –
Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.
[27/10/13]