Ainda não

O silêncio da noite me embala.

Sinto que a cidade dorme mansamente.

Mas dentro de mim um ser não cala,

Manifestando sua raiva cruamente.

Lembrança avivada,

Sentimento dilacerado.

No peito uma dor surda,

Na alma uma certeza tomada,

E na razão um caminho delineado.

Sonho abandonado.

Menina sepultada.

Mulher magoada,

Loucura manifestada.

Que os lábios pronunciem o perdão!

Que o esquecimento desapareça com a podridão!

Que a lágrima leve a sujeira para fora!

Que a vida recomece agora!

Porque viver é preciso e morrer ainda não.