do meu passarinho fura-flor...
meu passarinho fura-flor...
deixa-me chegar perto desta tua dor .
despe-te, então, do teu azul imperial... e desce daí...!
e pousa aqui no beijo meu...
e silencia um pouco.
para que possa eu sentir saudades do teu canto...
e prende-me com o teu olhar de vastidão...
no canto da tua lapela... junto ao teu coração.
para que possa eu aproximar-me...
das tuas cores brandas...
por baixo deste teu imperial azul .
e quero ser ventania de soprar todas as tuas penas .. dores tuas.
e as tuas duras penas... deixar o perdão levar.
deixa-me no canto da tua lapela...
do teu garboso casaco de tom azul imperial.
e serei eu a tua flor... e apenas tua... pequenina.
eu nunca sei quando pousas brando ou quando furas...
mas amo o teu amor que fura.
muito embora traga-me de volta...
o medo medonho que um dia senti eu de ti.
mas nas asas deste medo... antigo... medonho...
aproxima-se de mim passinhos da infância minha...
onde era eu a tua flor de versos... tantos!
todos para mim! ... a tua flor na lapela... eu.
no canto esquerdo da tua lapela - gostava eu de saber estar...
do teu garboso casaco tom azul imperial.
então... desça daí um pouco...
e pousa num beijo meu.
meu passarinho fura-flor...
da cor azul imperial... da tua preferida cor...
da cor do meu fura-amor.
Karla Mello
23 de Outubro de 2013