Confissão Noturna
As olheiras estão evidentes,
os livros nas estantes tortas,
o sangue a pulsar fraco pela aorta,
os olhos lacrimejando de descrentes,
é tortuosa a minha existência sem veementes.
A vida nada tem de Vinicius de Moraes,
Somente um pessimismo em haikai.
É breve, fustigante e truculenta
Tu vives à mercê da existência Parisiana,
Que rapta de ti a tua Helena cotidiana.
A desilusão, malogro de estrela guia
Que, numa convulsão por todas as vias
Mata o homem esperançoso que pinta de dia,
Já me açoitou na noite ímpia.
Em toda a minha existência Hadeana,
eu me deparo com indivíduos Dionísios,
me sinto grave, me sinto !
Me vejo, então, com a boca cheia de saprófagos
Dependurado pelo pescoço num cinto !