A lágrima do Anjo
A LÁGRIMA DO ANJO
Foi naquele dia,
Que o anjo chorou, pela rebeldia,
Que aos homens consumia,
A louca vaidade,
A vida tresloucada,
Nas grandes noitadas,
Entre drogas,
Tormentos, mortes e desalentos
Crianças nuas, sem esperança, sem sopa,
Pão ou sandálias
Nem migalhas de carinho,
Naquele dia,
O anjo chorou
Sentado naquele banco da praça,
Ocultou suas asas,
Seu rosto angelical,
Conheceu o império da maldade
A crueldade, suas vítimas a ceifar
O anjo chorou...
Suas lágrimas inundaram
A praça, as pessoas passavam
Na pressa de todos os dias,
Pareciam não se ver,
Os sapatos molhados
Com as lágrimas do Anjo,
O sangue dos inocentes,
O grito dos dementes,
Nada chamava atenção;
O Anjo debruçou encostou a cabeça nos joelhos
Nesse instante as nuvens do céu escureceram,
A chuva misturou-se com suas lágrimas,
Agora cobertos por enormes guarda -chuvas
Nem boa tarde, ou bom dia...
Adiante pessoas catavam restos
Na lixeira da esquina,
A mãe chorava,
Na porta da padaria,
Mendigando um pão,
O menino fumava craque,
O velho era atirado na calçada
O ladrão sua carteira furtava,
O Anjo num acesso de ira...
Arrancou suas asas,
Seu grito ecoou...
Pelos quatro cantos do universo
A terra se abriu
A todos tragou...
O Anjo seguiu seu caminho
Conduzindo por outros Anjos , de repente...
Lança o olhar pela devassidão, lamenta o destino dos homens,
Tragados pela vaidade e ambição,
Pela última vez, o Anjo chorou...
Polly Hundson