dos brinquedos todos que quebrei eu... hoje!
e era fio de cabelo de anjinho outrora...
e nem faz tanto tempo assim.
hoje... fio de corda...
e faz-me saltar tão rapidamente!
não me acostumaste assim...
e salto sobre um chão de agora.
há brasas... não queres ver!
e queres tu que eu salte!
e salte! e salte! e mais rápido!
caio ao chão.
no mesmo chão que ainda traz os restos dos riscos de giz...
das nossas brincadeiras tantas... amarelinha.
amarelinha e triste sinto-me... e tão só...
hoje eu quebrei os teus brinquedos todos!
e com as pernas lapiadas do fio da corda...
caída ao chão... tão quente... tão quente!
cato os cacos dos sonhos nossos de quimeras...
acato as palavras tuas todas adultas...
as atitudes tuas todas adultas!
mas olho de soslaio as tuas mãozinhas... tão minhas.
e salto... e volto a saltar!
no fio da corda tua... fio do cabelo de anjinho de outrora...
e nem faz tanto tempo assim.
acato as palavras tuas todas adultas!
acato os atos teus todos adultos!
e calo-me... e lamento tanto... e choro...
e espero e olho de quando em vez... de soslaio...
as tuas mãozinhas meninas... tão minhas.
para o próximo breve encontro...
com estas de sempre... as minhas mãos envelhecidas.
sinto-me tão fraca... e sinto-me tão só.
minhas mãos estarão sempre estendidas...
ao encontro... e reencontro... e sempre... incansáveis!
basta que olhes à mim... de soslaio.
Karla Mello
18 de Outubro de 2013