Ventania de espíritos
O amor não deveria ser uma poesia triste,
um escrito de desencontros e desencantos,
letras deslizando perdidas sobre o papel,
contornando estrelas cadentes e abismos,
planos sendo tragados ao sabor do vento...
A dor não deveria ferir como navalha na carne,
arrancando sorrisos e distorcendo reflexos,
memórias partidas em mil fragmentos,
esquecimentos impossíveis e impassíveis,
suplicando por um adeus, um adeus...
A vida não deveria ser tão complicada,
novelos de lã embolados em um cinzel,
entalhes tortos na madeira da porta de entrada,
empenando a entrada e a saída,
dificultando o ir e vir de quem não mais está lá...
Os sonhos não deveriam esvanecer como fumaça,
soltos como pipas sem rumo,
na ventania de espíritos em tormenta interior,
chorando tempestades de solidão,
clamando por um alento, um alento...