Esquecer
Sinto novamente o que não devo mais sentir
São percepções que retornam com toda a força
quando recobro do meu passado que insiste em não ir
Como um destino terrível que ousa
em se repetir.
Cálidas e pérfidas rosas de espinhos
sinto como se meus dedos sangrassem retendo os linhos
rubros de seda aos segurar
e não mais os soltam, não mais secos, deixando-os cair no ar
na afecção perpétua.
Sinto eternamente o que não quero mais sentir
essas lembranças que transbordam na minha mente, retratam o meu ferir.
Quebrantei-me nesse difuso tocar da rosa
Quebrei minha alma nesta dança ardilosa
que foi o bailar segurando essa rubra forma rósea
Quebrei-me e nada sobrou de mim que não seja o seu sentir
da seda no cair.
Mas quê? O que é esta ínfima planta vermelha?
O que representa esse símbolo tão vivo e simplório?
Não são apenas os tolos idílios que não se viveu uma centelha,
Mas sim as dores remidas em imagens, todo o sofrimento resignatório
As dores que insistem em lembranças
Como lanças que atingem minha'alma alquebrantada
as imagens que persistem como pegadas
em meio ao deserto com um ínfimo fio de esperança.
Tolo desespero que não há.
Tolo remir que insiste sempre em me ferir
símbolos que me recobram o nunca ir
Devo novamente, tão somente, tentar esquecer -- respirar.
Respirar o ar que não tenta me atingir
Andar e somente andar, nada mais que continuar
a andar.
E tentar esquecer, sempre esquecer, para não deixar que
as gotas dos olhos, caiam.