O DIA QUE A VIOLA MORREU
O faceiro sertão de outrora,
Agora se acaba em lamento,
Em prantos rompeu-se a aurora,
Trazendo o mais vil sentimento,
Os pássaros pranteiam de dor,
A flor não exala o perfume,
A viola já chora em silêncio,
A ausência do seu cantador,
Agora junto ao Criador,
Ponteia a viola plangente,
Que a gente ouvia “isturdia”,
Em dias e noites fogosas,
Saudades das belas toadas,
Dos versos, das rimas e prosas,
És rosa precoce colhida,
Lembrança que nunca se olvida,
Se foi sem o último adeus,
Com Deus já estás a morar,
E o hino que canta os Anjos,
Na viola estás a “pontiar”,
Calou-se o som da viola,
No fundo da alma doeu,
Jamais será esquecido,
“O dia que a viola morreu”.
(Ao meu velho amigo "Toninho Viola" - in memorian)