Dos exemplos que tive
Tanto tempo passado,
deixado no tempo, distante.
Lembranças que já nem tenho.
Essa mania, esse empenho
em apagar marcas profundas,
marcadas, rasgadas na carne e na alma.
Espírito inquieto, sem calma.
Cada instante um montante,
débitos e pendências a saldar.
Quantos erros cometidos, cara!
E o tempo apressado, não para.
Como podia ser diferente,
com os exemplos que tive?
no passado, agora tão presente.
Quando meu tempo se acaba,
no inventário da vida,
cada chaga, ferida
me queima no peito.
Agora, que já não há mais jeito
essa necessidade (maldade), masoquista
de rever e saldar os erros cometidos!
E relendo as páginas desse livro esquisito,
um leitor aflito
se sente perdido.
Lendo seus próprios erros.
Como poderia ser diferente?
A criança cresceu,
com adultos ausentes,
solidões frequentes
e dúvidas latentes
nunca respondidas.
Buscando modelos em lugares errados,
caminhos atravessados
passos parados,
no tempo, no passado.
Quanta droga consumiu o tempo!
Quantos dias, meses nem lembro!
Quanto tempo consumi me culpando!
Fugindo, correndo, mancando!
E hoje, já velho, releio o passado
buscando encontrar o futuro
quem sabe melhor que o presente.
Dizem que todos tem seu momento de quitar dívidas. Estou tentando saldar as minhas. Espero acabar de saldá-las. Antes que meu tempo acabe.