mar imóvel...
a fundo
neste mar
sem fundo
meio imóvel...
mergulho
no frio cortante
neste mar
gigante
neste
coagulante
bracejar sem força...
afundo
feito ferro
fundido
feito memento mori...
uma desgraça inconsolável...
neste meu imundo
e insondável mar
de desolação...
sou mundo
de cinzas e pedras
sou rocha renegada
às perdas
sou paredes e friagem sem fim...
e sobrevivo
neste cruel destino
criatura em desatino
por não saber viver...
tão triste, mas tão triste
e distante...
tão inconstante e temerosa...
uma rosa espinhosa
entre flores delirantes...
me perco, me encontrando assim
distante e enfiada em mim
isolada do universo a volta...
e o mundo, gira fundo
(dentro e fora)
permanece hora-a-hora
gritando meu moribundo ser...
não sou nada...
nada pretendo fazer...
nada me atrai...
nada é tão mar assim... imóvel mar sem fim...