LÁGRIMAS
(Sócrates Di Lima)
Lágrimas,
Um pingo de dor,
Enigmas...
Efeitos do amor.
E quando a alma chora descompassada,
E o poeta não pode mais rir,
O peito grita em lança atravessada,
Mãos unidas sem vontade de ir....
E quando o poeta se joelha frente ao espelho,
Indagando, esclamando, interrogando sua própria alma,
Se mistura em poças de citoplasmas vermelhos,
Expostos no nucleo das células mortas do ectoplasma.
Sal da terra....
Sal dos olhos,
Sal da vida,
Da morte em abrolhos.
Lágrimas, uma apenas,
É sinônimo de dor e imensidão,
É chuva que inunda longe do verão,
Primavera sem flores, estação da escuridão.
Gritem os vultos nos desertos do peito,
Esbraveja a saudade que não faz mais efeito,
Posto que solitária se debate de qualquer jeito,
Rasteja, implora, busca respostas em branco e preto.
Lágrimas que a alma abre em comportas,
Levando o coração afongando suas mágoas,
E depois da passage, fechando-se as portas,
Sem retorno, criando multiplas lagoas.
E se assim pego-me a chorar,
Por trás das portas das minhas alegrias,
Nesta saudade que não sei porque não quer parar,
Nem estancar a dor da gritante poesia.
E assim, a tristeza o tompo mergulha,
Apaga as labaredas sufocando as fagulhas,
Lágrimas que parecem encher a tulha,
Que o amor soluçante se perde em borbulhas.