outro rosto
meus desabafos
desabando no abismo de sal
desenhados com uma caneta vermelha
sonhos de um louco
perdido no espelho
não quero olhar para o buraco negro
não gosto de terra suja de morte
e melhor jogar o baralho no lixo
e melhor lavar este rosto com soro caseiro
cheiro podre no ar
palavras trancadas na gaiola das loucas
mesmo assim
não quero olhos no espelho
mas vou sonhar com roupas de couro
e beijos sujos pelos pecados da luxuria doce
abro os olhos
vejo outro eu
que não era como eu
ontem na festa dos corpos nus
mas quero lamber este bolo
e poder ver outro mundo
com as cores vivas
de uma luz
brilhante no inferno.