rascunhos
Olho para o relógio.
e retomo.
ando a passear nas ruas do tempo.
ando a passar a limpo o meu rascunho
e a apagar algumas coisas
que não valem a pena guardar.
e a reescrever outras
que ficaram mal escritas...
mal pontuadas.
tento reformular outras tantas
na minha cabeça carrossel...
quem sabe, ficam melhores...
e tudo sempre gira.
não estavam guardadas do jeito que eu preciso.
quero rele-las de vez em quando.
quero voltar ao ponto.
quero voltar ao porto.
quero baixar a guarda
quero baixar a ancora.
quero compreender e ate banhar-me nas águas tuas...
nas águas minhas que necessito-as tranquilas.
sem pressa... com quase nada a prantear.
ando farta das inquietações de todas as águas minhas. tuas.
do meu olho d'água...
da insistência das sempre nascentes minhas...
sem nenhum sol meu a me esperar. nunca.
resolvi que seras o meu sol e colo meu...
e aquietar-me-ei.
ando silenciosa ultimamente...
a guardar cuidadosamente as nossas sombras frescas...
que tem feito de vez em quando... mansinhas...
nos nossos encontros. e já fazia tanto tempo...
e guardo-as, então, no meio das paginas que tenho eu escrito.
em meio a todas as reticencias nossas.
serão os meus marcadores...
marcadores quase felizes do nosso tempo...
das paginas em que desejo eu sempre pousar...
descansar... nos rever.
sentir saudades boas...
adormecer desta saudade...
e acordar nascente tua, meu sol...
ter-te para mim como nunca te tive.
e tenho medo ate de tocar-te...
para que não acordemos os dois.
para que não sintas tu o medo que sinto eu.
não quero que te saias de mim.
eu idealizo-te. e es o meu sol.
e mesmo que nem percebas tu...
o meu amor neste estado agonizante
eu... a nascente tua.
tu... o meu sol
que aguarda-me nas manhãs mansinhas.
olho para o relógio.
e retomo.
ao rascunho da minha face.
ao rascunho da tua face.
ao sonho... ao sonho.
Karla Mello
22 de Setembro de 2013