Desabafo de uma alma triste

Como uma fada que perdeu seu bosque

e seu duende também

Como um funâmbulo francês, suspenso no ar,

equilibrando-se entre duas torres

Como se voasse nas asas negras da ave-do-paraíso

seguindo a seta de luz da solidão

Como saltar na glória de espumas de um redemoinho

e ser tragada pela correnteza de um rio

Eu acredito nas divindades e nas deidades

mas de que me serve crer?

Posso colocar no meu domínio

um exercito deles a me servir

Annur, a deusa da abundância

Balor, o terrível demônio da morte

Ou contratar São Patrício, senhor das cobras

para expulsar todos eles.

Valho-me, por vezes, de uns deusinhos

para tarefas domésticas, enfadonhas,

pequenos seres que realizam desejos pela metade

e deixam-me a sensação de incompletude

É assim que me descubro neste instante:

Rodando num redemoinho de inquietações,

cercada de mil tentações endiabradas,

vendo apenas uma luz sem final

Deixo-me levar então pelo rio

pois rio é hipótese de fim.

Nascemos, ganhamos corpo

e acabamos dissolutos no mar da morte

Aziul
Enviado por Aziul em 21/09/2013
Código do texto: T4492169
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