Entre Folhas, Morta


Algumas vezes  me vejo segurando
o leme do barco
que me leva sem destino algum,
por caminhos sonhados,
em ondas agitadas,
rotas traçadas
em oceano nenhum.

Outras vezes conduzo o volante,
percorro estradas, vias esburacadas,
acompanho com o olhar,
pedestres passantes, suas vestes rotas,
sem perspectivas,
de tristes rostos,
iguais a mim,
desnudos de esperança.

Em outros momentos,
não passo de uma folha seca, caída
no chão do esquecimento,
rebolada pelo vento, amassada
entre as demais.

Assim é também meu coração,
tantas vezes exausto, sem destino, preocupado
não apenas comigo.
Sai de casa, cria asas, perde o sossego,
vira folha "seca de setembro",
que nasce sem alegria, mas não vive...
-Apenas morre ao relento.





 



 
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 21/09/2013
Reeditado em 30/03/2021
Código do texto: T4491256
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.