Janela
Pela janela vi passar o padeiro
E também um jardineiro
Pela janela vi chegar uma visita
E solícita fiquei
Quando na verdade era engano
A visita era para a vizinha
E logo me calei
Pela janela vi o carteiro
E também um entregador
Na janela via passar os dias...
Meses... estações...
Sóis se revezando com luas
Como bons funcionários,
Disciplinados e pontuais
Às vezes recebi visitas sim
Pela janela recebi borboletas e beija-flores
Alguns passarinhos atrapalhados
Se batendo e debatendo na vidraça
Na janela... pela janela...
Um dia que parece ser o mesmo...
Num infinito esperar
E do leito de meu quarto
Sem nem poder caminhar
Foram-se os dias vida a fora
Numa espera interminável
Ficava feliz com a chuva
Que logo parava
Os pássaros ficavam numa alegria
Que parecia sinfonia
E sem sair da cama
Um grande espetáculo para apreciar
E da janela do meu quarto
Vi a vida passar
Na esperança de me recuperar
O que acalentava minha alma
Eram as recordações
Se não fosse o que vivi
O que teria restado para viver...
Apenas ver a vida, passando na janela