Pai divorciado
Potes cheios,
bolachas,
doces,
pirulitos,
chicles com recheio.
Brinquedos organizados,
de um lado e de outro,
com a saudade no meio.
Retratos na parede,
o filho lindo...
Um silêncio abortivo
e o tempo opressivo.
A roda maluca,
o avião inflável,
bichos de pelúcia
e teu sorriso fácil,
sempre tão aguardado.
O tempo que maltrata,
pela segunda-feira,
sempre tão distante do sábado.
Pelas mudanças na aparência,
da infância
para a adolescência.
Perde-se o esteio,
na falta do ombro amigo,
nas noites silenciosas,
nas estórias infantis,
agora ociosas,
na esperança; que jaz melindrosa.
E sopra o vento,
sobre as páginas viradas,
deixando a saudade como testamento.