Desagravo poético pela humanidade
Eis-me aqui,
no lodo de meus pensamentos,
envolto em minha insanidade temporária.
Sou Deus, apontando teus erros.
Teu pecado envergonha-me,
dei-lhe o mundo e o destruístes,
dei-lhe a vida e de outro a roubastes,
dei-lhe a inteligência
e com ela construístes armas de destruição em massa.
Dei-lhe o pão e com quem tens dividido?
Teu ódio aniquilou minha presença,
tua revolta, aproximou-te do mal,
tua indecência causou-me asco;
vedes; doenças, preconceito, fome...
E como não lembra-lo dos filhos que te enviei,
contudo, em tua ignorância... Desprezastes!
Tua inveja despertou minha irá,
tua prepotência, minha indignação,
porém, em minha benevolência,
estendo-lhe novamente a mão.
Entretanto, não lhe darei outros mandamentos,
nem lhe farei ouvir novos ensinamentos...
Dar-te-ei somente um espelho fosco,
para que em tua imagem não vejas vaidade;
mas a beleza desta vida que vós concedo.
Eis-me aqui, um poeta,
digerindo os venenos da humanidade...
Oscilando entre o céu e o inferno,
temeroso do julgamento de meus pares,
todavia, há de ser breve a agonia.
E que se multiplique sobre a terra,
os homens de boa vontade.
Eis-me aqui,
diante de leões e carrascos,
a vislumbrar os anjos que me aguardam.