A FALTA QUE TUDO FAZ
As emoções afogaram as palavras e fizeram morrer os versos
o ar sombrio do silêncio se encheu de clamores inaudíveis
o nó cego da solidão magoa as cordas do meu coração
em que alhures se escamotearam os ternos sorrisos?
Não vi a ternura no aspecto melancólico do índigo céu
nem vislumbrei antigos beija-flores outrora enamorados,
será que agora estão enlaçados em grandes beijos nas flores?
Ou se recolheram aos ninhos para viverem ardores?
Hoje nem mesmo o sol se dignou de me trazer sua luz
não me abraçou com seus raios quando a aurora veio
não trocou ósculos mornos com meus lábios vazios
simplesmente passou por mim com mero desprezo
Fui esquecido pela alegria que um dia alguém me trouxe
relegado como folha de papel cujo rascunho não serviu
amassado com as mãos indiferentes e jogado a esmo
quiçá feito em tiras pelos dedos de quem já não me ama
Só permaneceram uns poucos versos, alguns já quebrados
da magia restou somente o resquício meio soturno
e a fantasia, antes tão constante, não passa de mera gota
que pinga sem motivação, desce pela face feito lágrima