A FALTA QUE TUDO FAZ

As emoções afogaram as palavras e fizeram morrer os versos

o ar sombrio do silêncio se encheu de clamores inaudíveis

o nó cego da solidão magoa as cordas do meu coração

em que alhures se escamotearam os ternos sorrisos?

Não vi a ternura no aspecto melancólico do índigo céu

nem vislumbrei antigos beija-flores outrora enamorados,

será que agora estão enlaçados em grandes beijos nas flores?

Ou se recolheram aos ninhos para viverem ardores?

Hoje nem mesmo o sol se dignou de me trazer sua luz

não me abraçou com seus raios quando a aurora veio

não trocou ósculos mornos com meus lábios vazios

simplesmente passou por mim com mero desprezo

Fui esquecido pela alegria que um dia alguém me trouxe

relegado como folha de papel cujo rascunho não serviu

amassado com as mãos indiferentes e jogado a esmo

quiçá feito em tiras pelos dedos de quem já não me ama

Só permaneceram uns poucos versos, alguns já quebrados

da magia restou somente o resquício meio soturno

e a fantasia, antes tão constante, não passa de mera gota

que pinga sem motivação, desce pela face feito lágrima

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 07/09/2013
Código do texto: T4471011
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