O SILÊNCIO

E ela perdeu a alegria,
Da noite para o dia,
Se viu sozinha, desamparada,
Seu castelo virou ruínas,
Não estava acostumada,
Com a cinzelada rotina,
Com o vazio imenso,
Decepcionada menina,
Distante das utopias,
Dos encantos de cinderela.
E ela fechou a janela,
Puxou a cortina,
Se recolheu ao leito,
Ao seu universo imperfeito,
A alma sentia,
Mais do que dor, agonia,
Na lenta passagem dos dias,
Mais do que a agonia, doía,
Lhe surpreendia,
O insustentável silêncio.


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INCÔMODO SILÊNCIO 

O silêncio é barulhento,
viaja nas asas do vento,
se assemelha a um atropelo,
me puxa pelos cabelos
querendo os arrancar.
Me tira o poder de sonhar,
apaga meu riso, o canto,
a vida fica tão vazia...
não há sol, nem alegria,
somente torpor e quebranto.
A tristeza se abanca,
e depressa ela arranca
tudo de bom que havia,
a música, a poesia...
o mais que eu quero é chorar.
O silêncio me apavora,
ele chega a qualquer hora
roubando tudo, é o fim.
O silêncio é maldito,
eu quero gritar, mas não grito...
É tal como um pesadelo
arrepiando meus pelos:
o seu gosto é bem ruim. 


Não o quero aqui comigo,
para mim é inimigo.


(HLuna)