INSÔNIA
 
As pálpebras pesadas dos olhos que não querem fechar.
O tempo goteja na bacia da noite.
Mas a noite é uma eternidade.
Os minutos levam séculos para virar horas.
 
Lá fora nenhum ruído,
que não um ou outro motor de carro ao longe.
A chuva parou.
Aqueles pingos grossos fustigando a janela,
de alguma forma amorteciam-me os sentidos
e embalavam-me o sono.
 
Mas a noite transcorre seca e silenciosa.
Pequenos, loucos sonhos em que pululam ratos,
seres e situações absurdas povoam os períodos miúdos de sonos entrecortados.
 
Eu que sempre desejei tanto o silêncio,
Agora, quereria mais a bulha do dia,
sair para a rua, ocupar-me com alguma coisa
que fizesse o tempo se movimentar,  poder tocar a vida.
 
Aqui, no escuro do quarto,
na madrugada de horas mortas,
o tempo lento é que trará o amanhecer e o movimento.
 
Noite e dia, dia e noite, interminável intermitência.
Onde me levará? Quando?          
Frequentes acordares fragmentam o tecido de meu sono.
Minha noite é uma colcha de retalhos.
Vou para a cozinha.
Talvez um chá com biscoitos
            ajude a buscar o amanhecer.
 
(Imagem da Internet).
Primavera Azul
Enviado por Primavera Azul em 02/09/2013
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