PLÚMBEO POEMA
O dissabor percorre-me as veias, quando invade-me
A brisa saudosa, bagunçando reminiscências;
Segredando ilusões, desfeitas num estalar de dedos.
Olho em minha volta... Você partiu! Torturando-me,
As marcas em relevo acusatório,não aquietam em meu âmago.
Em meu peito sinto o peso de um coração dilacerado
Que insiste em manter-se vivo e contrariar as leis do vazio.
Num tosco delírio, no ápice da sofreguidão e loucura,
Possuída pela dor, atentei contra as leis que regem a vida,
Na tentativa vã de arrancar vestígios do grande amor
que tornou-se paixão maldita impregnada em minh'alma.
Ah amor... Como sinto tua falta! Disseste que jamais me
Esqueceria, em suas últimas palavras embaraçadas...
Em meio as nossas lágrimas, que misturavam-se na despedida.
E hoje, não represento para você nada... Nada além de um trapo,
Não mais que um traço, nas linhas de um plúmbeo poema,
sem pontos ou rimas, amassado e lançado ao chão no quarto,
Por pena de pô-lo no lixo, ficara esquecido... Por ti desprezado.