E JÁ NÃO TINHA MAIS DENTRO
Vestiu-se de cinza.
As janelas estavam fechadas,
poucas palavras ocupavam o ambiente.
Olhava para o vazio,
estava com frio e nada queria.
Sorria cansado, parado,
esperando o não ter mais que esperar.
O esperar doia, a dor nascia.
Um bicho o comia por dentro
e, eterno pedinte, rogava crédulo para anjos tortos,
sem saber que já estavam mortos.
E o bicho crescia
e ele já não tinha mais dentro.