E JÁ NÃO TINHA MAIS DENTRO

Vestiu-se de cinza.

As janelas estavam fechadas,

poucas palavras ocupavam o ambiente.

Olhava para o vazio,

estava com frio e nada queria.

Sorria cansado, parado,

esperando o não ter mais que esperar.

O esperar doia, a dor nascia.

Um bicho o comia por dentro

e, eterno pedinte, rogava crédulo para anjos tortos,

sem saber que já estavam mortos.

E o bicho crescia

e ele já não tinha mais dentro.

Flávia Martin
Enviado por Flávia Martin em 11/04/2007
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