De silêncio em silêncio
fiz-me oco no sem tempo do tempo
e vazio em abandonados momentos,
invadido de ausências
e pleno de olhares perdidos.
Eu me fiz perdido em saudades desconhecidas.

A lida dessas palavras, alguma coisa linda que houvera,
dessas palavras tão pobres e quase não lidas, nem lindas,
é somente lida, a labuta de uma força bruta que brota ainda
dessas idas e vindas de uma inacreditável vontade
que metade padece e que outra metade esquece
a letra, a trama, o drama, a prece que eu nunca fiz
ou um pouco de tudo isto que acontece e nunca quis.
Parece que muito dessa coisa doida que aparece
depois desaparece de repente porque era por um triz.

E eu nem sei mais do silêncio que traço, que trago, que faço,
eu que me desfaço no cansaço desses tantos esquecimentos
e esqueço em cada passo tudo que faço e não faço, que não posso,
todos os momentos de um dia distante em que, parece, fui feliz...

 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 23/08/2013
Reeditado em 19/03/2021
Código do texto: T4448891
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