NAQUELA TARDE

Sem cruz, sem flores,
Sem clamores,
Com chuva, como chovia!
Assim enterraram Maria,
Maria porque a chamavam,
Não sabiam o nome que tinha,
Mas, se ela sobreviveu,
Sempre sozinha,
Nas entrelinhas do sofrimento,
Se ela morreu sozinha,
Quem era naquela tarde fria,
Aquele vulto que assistia,
Trazia certo acalento,
Luzia misteriosamente,
Sobre a cova rasa da indigente?