Criança Sem Vez
No meio da noite escura
Vejo sombras por toda parte
A alma vazia, sem ternura
Que vaga por aí fazendo arte
Arte que inspira, mas que é fria
Arte que mata, mas que agrada
As poucas luzes no céu
São tampadas por um longo véu
Através dele esperança, talvez?
Não, apenas uma criança sem vez
E aquele véu que toma a noite
Esconde um rosto
De quem todo dia leva açoite
Alguém que lágrimas derrama sem parar
E tudo isso porque sabe que nunca vão lhe amar
Aquela criança que tão triste está
Tampa seus ouvidos para não escutar
Aquilo que a fere de forma imensurável
Mas ela faz questão de esconder
Através de seu semblante adorável
E esse véu que a cobre
Nada mais é do que uma capa
Capa que esconde sua verdadeira identidade
Porque aquilo que a cerca, a mata
E ela quer esconder por causa da pouca idade
Por ser tão nova, mas tão sofrida
Em seu coração se abriu uma enorme ferida
E a cura nem ela sabe encontrar
Já que nem mesmo sabe com ela o que há
Seu maior desejo é se achar
E descobrir quem ela será
Imagine o quão difícil viver
Sem se ter uma razão para ser
Por fim, ela quer dormir
Relaxar, e talvez nem acordar
Afinal, no mundo, ela já se desfez
E nada mais resta àquela pobre criança sem vez