Excrementos caiados

Se você me disser

que não aprecia o excremento,

saberei, certamente,

que está mentindo - mentira primal!

E se, também,

disser-me que é apenas

experimento, novamente,

saberei que está mentindo - mentira contínua!

Experimento?

É um lambuzar, um se acabar

em excremento.

Você não experimenta

como se houvesse coisa melhor;

mas você se ausenta,

atenta-se em esterco.

Não, não há coisa melhor

para você.

Não existe delícia mais forte

do que o nauseante sabor

da própria dejeção.

O pão quente, o leite novo,

a fonte d'água fresca,

a comida bem temperada,

o sal e fermento bons:

nenhum destes o satisfaz.

Estes manjares, delícias regeneradas,

não o deliciam, mas sim o enojam.

Nem sentir o cheiro você quer,

acha nojento, repugnante.

Mas no sanduíche de fezes

você cai de boca;

sente-se confortável,

extasiado com tamanha "delícia".

O próprio estrume, dejetado

e depois recolhido por suas mãos,

para, então, ser comido,

apreciado, deliciado por seu paladar,

é a sua porção diária - apreciação constante!

Você não tem modos, isto é notável.

Você, que se chama de cozinheiro,

aquele que tem o bom gosto,

bom paladar, sabor requintado,

cozinha a própria íntima necessidade,

e lambuza-se todo em excrementos

- ora, onde está o experimento

nisso tudo?

Você, que diz ter panelas limpas,

feitas do mais fino aço,

não se contenta com porções pequenas,

tampouco gosta de comer educadamente:

enche-se, lotando o prato;

farta-se, lambuzando e lambendo os dedos.

Não se enoja, não se esmurra,

não se envergonha.

Em público, praças, auditórios,

conversando, lendo, se socializando,

indo ao banheiro, à festa familiar:

não pensa duas vezes,

logo tira as calças

e alimenta-se do próprio ventre.

Sua boca, assim como sua essência,

fede, mesmo com cheiro mentolado;

sua língua, assim como seu coração,

é repugnante, mesmo com enfeites externos.

Você, que tem panela de barro

à justa ira, talheres amaldiçoados,

pratos sujos, copos caiados;

sim, você que tem cozinha de fogo,

prestes a ir ao forno,

deliciando-se em fezes constantes,

lambendo os dedos tirados da abominação:

você, não passa de excremento caiado.

Não adianta caiar,

não adianta perfumar, pintar, tintar,

nem mesmo se vestir enquanto

come seu sorvete de estrume,

seus malditos e malditas o delatam.

Seu copo vazio caiado?

Está cheio de abominações.

Seu sepulcro à terra tintado?

Está preenchido com fezes,

às laterais elas chegam, a tudo preenchendo.

Você, que se diz rico;

diz ter olhos para ver,

ouvidos para ouvir,

mãos para pegar, nariz para cheirar:

tudo está voltado às fezes, tudo.

Não ache que algo foge delas,

pois elas perseguem e a tudo enchem.

Você, saiba de uma coisa:

seu excremento nunca o satisfará.

Ele pedirá mais, mais,

e sua nudez não vista só aumentará.

Seu experimento

se tornará cada vez mais lambuzante,

estonteante, até chegar à raiz,

ao salário, à overdose dentro de si mesmo.

Pare de defecar na própria boca!

Na boca de seus pais também!

De seu chefe, amigos, familiares:

você se defeca, e lambuza-os,

jogando suas fezes em todos;

chamando-os ao banho abominável.

Seu dia-a-dia é um se fartar

em excrementos - sem experimento algum!

Sua cova, um sepulcro tintado.

Você, um excremento caiado.

Sacia-te, pois, agora,

com tuas malditas!

Vomita... pois, você, será vomitado.

Você, que começa com 'p',

ama o ímpio e o defecar em órfãos e viúvas:

comerá mais esterco do que imagina.

Cesare Turazzi, em tudo capacitado pelo Altíssimo.

[06/08/13]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 06/08/2013
Reeditado em 06/08/2013
Código do texto: T4422058
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