EMBORA CAMINHE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE…

Muita coisa se está a passar na minha vida e eu, um ateu, hoje perdi a fé que me restava, esperemos que seja só por hoje

EMBORA CAMINHE PELO VALE DA SOMBRA DA MORTE…

(salmo 22, Salmo de David)

Não sinto a sombra nem a presença da minha doce Borboleta

Que amo amigavelmente como nunca amei ninguém e que sinto que de alguma forma me completa

Mas agora e hoje só sinto um vazio

Meu pior inimigo…

Não vejo o sol, porque estiveram nuvens e agora é de noite e está a chover

Lágrimas que se juntam às minhas e que não me deixar um caminho por onde ir ver

Tenho tantas ideias, mas quase ninguém para as aceitar

Provável dom com que nasci, mas que não o sei aproveitar

Tenho vontade de ir qualquer outro lado, para o outro lado de mim, para o outro lado do mundo

Mas tenho medo de não voltar, de um local tão profundo

Quero sentir a luz, ou pelo menos a Tua Luz que para mim é uma necessidade essencial

No chavão dito e redito que para mim ÉS Especial

Tenho vontade de abraçar a imensidão

E até o faço, mas depois de o fazer, só sinto a mais absoluta escuridão

Não posso ousar sequer em olhar partes do meu passado

Senão ainda me sinto mais e mais abandonado

Quero olhar para o futuro, eu quero em algo acreditar

Mas à minha volta só vejo um vazio cheio de demasiadas coisas que ninguém quer comigo partilhar

Por isso, nesta noite e neste meu último poema

Durante muito tempo, luto por mim e por ver coisas que valham a pena

Sim…vou-me encerrar num conto onde tento delinear mais um futuro

Triste, escuro

Onde a fé no fim sai vencedora

Pelo menos na escrita terei algo que da fé que não tenho seja merecedora…