SEM RUMO
É tanto tempo
E tantos temporais
Que já nem sei quando
Começa meu futuro.
_ Basta seguir o vento!
Me diria você.
Mas vento é redemoinho
Moendo a cana leve
De minha breve oração.
E meu sapato
Desgastado de léguas
Leva-me a lugar nenhum
Onde meu amar vagueia só.
Por mais que eu ande,
Ainda terei de andar pequeno,
Candeando lugar algum,
Nas trilhas descoradas
De minha angústia solidária.
Sigo sorrindo, entanto,
Lavando caminhos vários
Na torpe fonte dos desencantos
Que sacia o deserto de mim.