Fisiologia poética da dor

Eu, compulsão, suicídio, silêncio e vaidade

De braços abertos e pernas fechadas

Teimando com os musgos verdes

Tanta sujeira – que é lixo; o anel de brilhantes

O espelho da alma na saliva do pecado

Exatamente o mesmo veneno da morte de Cristo

Caminhamos no abismo trocando carícias

Compulsão

Suicídio

Silêncio

Vaidade

Lágrimas que jamais deveriam existir

Por natureza de uma vontade que persiste

Entendo a vaidade que prefere o imperfeito

Todos os dias: angustia e solidão.

O “eu” que grita na vida

Sentindo medo, frio e fome

Passamos juntos do nascimento à morte

Nascimento e morte

Nascimento e morte

Nascimento e morte

Infelicidade: abstração irrelevante na vida dos tolos.

Vejamos a sombra da morte na lareira

Ainda queria queimar

Queimando seria amor

Amando seria morte

Morrendo seria vida

[tens] mãos semelhantes as dos teus pais

[vês] com a mesma precisão do assassino

[sabes] o destino de cada um de nós

Tanta DOR sufoca a ALMA que sucumbe

A mecânica do sofrimento mental

A dinâmica do apodrecimento humano

A ferida

A mágoa

Supérfluos conhecimentos sobre a vida

Sempre insistem em mentir

Contam-nos histórias de bravos guerreiros

Mas ao final todos morrem; inclusive o mentor.

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 28/07/2013
Reeditado em 28/07/2013
Código do texto: T4409079
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