Fisiologia poética da dor
Eu, compulsão, suicídio, silêncio e vaidade
De braços abertos e pernas fechadas
Teimando com os musgos verdes
Tanta sujeira – que é lixo; o anel de brilhantes
O espelho da alma na saliva do pecado
Exatamente o mesmo veneno da morte de Cristo
Caminhamos no abismo trocando carícias
Compulsão
Suicídio
Silêncio
Vaidade
Lágrimas que jamais deveriam existir
Por natureza de uma vontade que persiste
Entendo a vaidade que prefere o imperfeito
Todos os dias: angustia e solidão.
O “eu” que grita na vida
Sentindo medo, frio e fome
Passamos juntos do nascimento à morte
Nascimento e morte
Nascimento e morte
Nascimento e morte
Infelicidade: abstração irrelevante na vida dos tolos.
Vejamos a sombra da morte na lareira
Ainda queria queimar
Queimando seria amor
Amando seria morte
Morrendo seria vida
[tens] mãos semelhantes as dos teus pais
[vês] com a mesma precisão do assassino
[sabes] o destino de cada um de nós
Tanta DOR sufoca a ALMA que sucumbe
A mecânica do sofrimento mental
A dinâmica do apodrecimento humano
A ferida
A mágoa
Supérfluos conhecimentos sobre a vida
Sempre insistem em mentir
Contam-nos histórias de bravos guerreiros
Mas ao final todos morrem; inclusive o mentor.