Lágrima negra

O rímel deixou tua lágrima negra

A escorrer em tua face alva

E, perto da boca, enfim

Encontrou o cais das tristezas

Que náufraga em saliva

Produziu o silêncio misterioso

Que só da dor faz.

As tuas palavras não ditas

Ecoavam pelos olhos

Escorriam pelos olhos

Pedintes de afeto

E de atenção.

Eu te doei meus olhos.

Eu te doei minhas mãos.

Mas te neguei minha alma.

Pois já havia a perdido

No labirinto de mim mesma.

Esse torvelinho de tempo

E lembranças

De flashes entrecortados

pelos raios de sol.

Pela paisagem tridimensional.

Não há mais tempo agora.

Soou todas as badaladas.

A carruagem-abóbora

Conduzida por ratos

Nos leva até a ratoeira

Laboriosa que nos mata,

Mas no seduz.

Tudo é o queijo cheiroso

Que atrai minha fome.

Tudo é o desejo pecaminoso

Que atrai minha carne.

Mas, não tenho mais

nem fome e nem carne.

Nem lembranças ou vaidade.

Tenho apenas a mancha

Deixada no lenço de

choro de rímel.

E a vaga certeza que

olhos sabem mais verdades

que a boca.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/07/2013
Código do texto: T4408453
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.