As Lágrimas do Aqueronte
Lagrimas do Aqueronte
A vida é passageira, mas a morte é eterna
Flores caem no chão, e as árvores já estão secas
Os lamentos dos imortais perturbam minha alma
Dos ricos fidalgos, que bebiam, e fornicavam na taverna
És tu anjo da morte que tantas almas dissecas?
Não! Sou inocente das dores dos que sofrem com calma.
Pobres almas, que uma vez a glória almejaram
Deveras sádico seria eu se não me compadecesse
Dignos de pena, ou melhor, indignos da própria existência
Dentro de mim habitam todos aqueles que pecaram
Em um rio eterno de lágrimas, é como se a esperança esmaecesse
Piranhas carniceiras estão a devorá-los, os pobres não oferecem resistência
Eterno rio das dores, tem piedade de nós!
Tanta dor e sofrimento, que fizemos para merecer tanto?
Condenados sem julgamento! Á beira do lago Cérberus nos esfola!
Mais afundo de vossa imensidão de desgraça não escapamos da fúria de vós!
Onde está o Senhor? Clamamos, imploramos sua misericórdia! Ouve nosso pranto!
Cercados por águas sombrias, o sol se recusa a brilhar, estrelas fogem pra nos molestar!
De que me chamaste pobre infeliz? Não se acostumaste com a dor?
Que posso eu fazer? Nadai! Lutai! Persisti! Se entregaste de bom grado a mim?
Vossos prantos não chegaram ao Senhor, e se chegar, Ele os ignorará!
Está irado convosco, está irado com tudo, que fizeste da vida? Mataste o amor!
Criaste demônios de sua própria vontade, profanastes o aroma do Alecrim.
A misericórdia se recusa á descer até o Tártaro, agora calai! Aqui permanecerá!
Oh! Má sorte! Ninguém tem pena de nós? Hades! Senhor dos Senhores!
Deus das sombras e dos vales da morte, vinde e tirai-me desta enrascada!
Invoco a ti soberano Senhor, tu és bondoso e compassivo, és manso e piedoso
Da eternidade infernal livra-nos! Concede-nos imortalidade isenta de dores
Somos inocentes de tua ira! Por que estamos a cá? Vitimas de uma emboscada?
Oxalá me ouvistes, vem depressa soberano das sombras, traz-me a luz dá-me gozo!
A que me chamastes ó seres inferiores? Não temeis minha majestade?
Vós já foram julgados! E condenados! Julgados e condenados por vós mesmos!
Escolhestes de bom grado a vida miserável, atiraram-se sorridentes no mar da perdição!
Vidas não vividas, usura, adultério, individualismo! De corrupção á falta de lealdade!
Promiscuidades e desamor, mataste a vida, sem pudor, sem moral tudo á esmos!
Como vou lhes livrar do que vós fizestes? Sangraste a vida, e ganhaste a maldição!
Crucificaste o amor, mataste a vida, ceifaste a esperança, molestaste o órfão e viúva
Tua indiferença é tua pena, sua morte é sua dor, o Lago eterno é o seu paraíso
Vidas mal vividas, esperanças ceifadas, a vós mesmos caluniaste e atiraste do monte
Concedeste morada e abrigo quente ao infortúnio, a vingança vem em forma de chuva
Espancaste o sentir, calaste a própria alma, ceifaste todos vós com um diabólico sorriso
Não caíram no lago, viram a si mesmos nas águas sombrias das Lágrimas do Aqueronte
Lord Vaekron.