Canto de Dor ao Meu Pai
Pai ! Meu Pai !
Com o peito sangrando
eu canto
Nos versos e nas trovas
meu pranto
Esta saudade eterna!
Onde hiberna a fria dor!
Daquela noite de horror!
Em que um covarde ser
fez teu coração fenecer
Antes do sol nascer
Fez teu corpo descer
a fria mansão dos mortos
sem a vida florecer
Nem as folhas secas do tempo
apagam o pensamento
com o manto do esquecimento
este meu triste lamento!
Minha alma ainda chora
Aos céus implora !
Um dia te encontrar!
Teu rosto beijar
Tuas mãos afagar
Teus olhos poder fitar
Teu sorriso comtemplar
Tua voz escutar
O segredo da tua morte
desvendar
Não para matar!
Não para odiar!
Não para perdoar!
Mas para entender
O que leva um ser
a matar outro ser
Ceifando-lhe o
direito de viver
O que leva uma besta fera humana
a este estúpido prazer?
De arrancar uma flor
no auge do torpor
e pisá-la brutalmente ao chão
Roubá-lo da primavera
Matar as azuis quimeras
Roubar os sonhos
de um homem sonhador
Maldito seja o assassino cruel
que me roubou o mel
e me fez beber o fel
na taça amarga da vida!
Recife-07/08/2004