Serva da Noite

I

Olha só! Lá se vai, o comentário das senhoras recatadas da vila, ela desce a rua feito um brilhante, e os olhares a seguem por toda parte, qual seu destino? Só ela sabe, esta trajetória a dama da noite conhecia bem, é certo o papel que irá desempenhar. Com um perfume de rosas encanta e seduz até se embriagar, com brilho nos olhos se confunde com luz, caminha, caminha, e ninguém sabe onde ela vai pará, em passos a atordoar, jeito gracioso de andar, educada até no falar, mas revela bem o que é, de lábios bem pintados e trajes a denunciá

II

Lá se vai no seu caminhar, com uma tristeza no olhar, vida fácil? Comentário para quem não conhece o desadoro de uma mulher, que nem isso quer, sabe-se lá o que a leva, só vejo uma alma cansada, e uma nuvem de tristeza nos belos olhos negros, lá se vai, na vida cai, nas noites escuras a envolve mais que procura, com muitos amantes que por pouco a leva a loucura. Por vezes maus-tratos a persegue, e ali está sorrateiramente em um beco estreito. A noite se vai, e pela manha no sono cai, e adormece no cansaço de tantos braços

III

A noite se aproxima, e pensamentos a domina, e de salto alto chega os comentários das senhoras recatadas da cidade, ela passa sob olhares cobiçosos dos senhores, que no desejo, dar-se em voltas a revê-la, pobre cachopa de vida fácil, mal sabem que chora e para não se vê quem fora outrora, e lá se vai, na noite cai e nos olhos tristes de incertezas, só resta somente a esperança, que logo se acabe, ilusão, brilho, glamour, descontentamento, pudor, os valores morais e elogios fartos, com os lábios pintados trajes sensuais, lá se vai na noite ela cai.

Adryane Abreu
Enviado por Adryane Abreu em 22/07/2013
Código do texto: T4398928
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