MEU ÚLTIMO RAIO DE SOL

Choupana tão pobre,
toda feita de madeira,
o que seu teto cobre?
Folhas de bananeira.

Na grota escondida,
mais parece um paiol,
mas abrigou uma vida,
mesmo sem ver o sol.

Até na porta, parasita,
e no quintal, um matão,
é a morada do eremita,
ou melhor, do ermitão.

Um rancho sem flores,
bem no fim do sertão,
morreram meus amores,
enterrados na solidão.


Rancho, no fim do mundo,
que não pode desabar,
onde nem por um segundo,
pensei sem ele ficar.

Aqui habita a tristeza,
mas a vida, aqui está,
vejo no ninho a beleza,
com filhotes do sabiá.

A manhã,não é quieta,
é acordado, o ermitão,
pensa em rimas o poeta,
vendo sem cordas,um violão.

Rima lá, o passarinho,
também rimo, meu ex amor
mas olhando o ninho,
acalma a minha dor.

Minha velha choupana,
lá fora tem limoeiro,
tem uma moita de cana,
ao lado do terreiro.

Na bananeira, um cacho,
tem ninho, de cotovia,
no fogão, um velho tacho,
rimas ,para a poesia.

Choupana, aqui erguida,
com troncos de madeira,
escondendo uma vida,
uma ilusão, derradeira.

Olhando o entardecer,
sinto que o corpo cai,
quase na hora de morrer,
sinto que a vida se vai.

Ùltimos momentos meus?
Serão momentos delirantes,
aos pássaros, direi adeus,
desses vales verdejantes.

Adeus, benteví e sabiá,
adeus, rimas das poesias,
morrendo, estarei eu cá,
encerrando os meus dias.

Adeus, minha choupana,
adeus, meu amigo rouxinol,
cairei, ao lado da cabana,
verei, meu último raio de sol.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 16/07/2013
Reeditado em 16/07/2013
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